A desonestidade desse marketing é a promessa de que frequentando as aulas, a língua será aprendida. Isso não é necessariamente verdade, visto que a aprendizagem depende muito mais do aluno, sendo portanto o professor/curso facilitadores. Com o marketing apelativo fora do caminho, te convido a considerar algumas questões pertinentes aos cursos livres de idiomas.
Um contexto de aprendizagem em turmas e presencial tem um lado muito positivo. A possibilidade de interação entre colegas permite atividades muito produtivas em sala de aula, contanto que o professor faça uso dessa potencial vantagem. Além disso, o pertencimento a um grupo pode promover uma maior motivação para o aluno seguir aprendendo. Esse senso de comunidade e coletividade, a depender do curso e do professor, pode ser decisivo para que o aprendiz permaneça na trilha de aprendizagem e veja mais sentido nos tópicos trabalhados em aula.
É interessante ressaltar - e aqui exponho um pouco da minha opinião pessoal como professor particular - que essas vantagens são especialmente relevantes para o público infantil e jovem. Quando falamos de aprendizes adultos, vale avaliar as prioridades da pessoa e o que ela prioriza no seu processo de aprendizagem.
Já o lado negativo dos cursos de idiomas se relaciona intimamente com questões de ordem econômica. De maneira geral, em mercados competitivos onde grandes empresas atuam, tende-se a uma pressão por atingir os menores preços e por baratear os custos. O resultado disso é um serviço distribuído de forma massificada, de maneira a atropelar uma abordagem mais consciente do ponto de vista pedagógico, e de qualidade apenas boa o suficiente para manter-se competitivo. Por esse motivo, vários dos cursos de idiomas que vemos por aí (e certamente todos do meu bairro) oferecem algo mais ou menos parecido. Esse fenômeno se chama comoditização, ou ainda comodificação e atinge com força os cursos de inglês.
É verdade que alguns alunos vão se dar bem com as aulas dos cursos livres de idiomas. No entanto, a falta de pessoalidade e de atenção pedagógica podem produzir obstáculos. Se um aluno se vê "empacado" nas suas habilidades de leitura, de que maneira o curso massificado vai resolver isso? Não é a toa que os alunos não permanecem por muito tempo nesses cursos, e isso inclui os cursos online. Como professor particular, tenho orgulho de ter alunos que estão comigo há 2-3 anos, tendo aulas semanalmente, sem pretenção de parar tão cedo.
Para concluir, se você não se sente contemplado pela proposta dos cursos livres de idiomas, aulas particulares ou o estudo auto-didata são alternativas possíveis. Lembre-se, no entanto, de não depositar tantas expectativas no estudo ou nas aulas em si, já que o mais importante para aprender é o seu envolvimento orgânico e consistente com a língua.